Seleção haitiana garante vaga histórica na Copa do Mundo 2026, mas a dura realidade de seu país impede que celebre em casa.
A seleção de futebol do Haiti alcançou uma façanha notável ao se classificar para a Copa do Mundo de 2026, marcando seu retorno ao cenário mundial após uma ausência de 52 anos. A vitória decisiva por 2 a 0 sobre a Nicarágua, na última rodada das eliminatórias da Concacaf, selou essa conquista histórica para o país caribenho.
Este feito inédito, que repete a única participação anterior do Haiti em Copas do Mundo na Alemanha em 1974, foi impulsionado por gols de Louicius Deedson e Ruben Providence. A equipe, comandada pelo técnico francês Sébastien Migné, liderou o Grupo C com 11 pontos, superando concorrentes como Honduras e Costa Rica.
Contudo, a alegria da classificação é ofuscada pela impossibilidade da seleção atuar em seu próprio território. Conforme divulgado pelas fontes, a grave crise social e os severos problemas de segurança que assolam o Haiti forçaram a equipe a mandar seus jogos em Curaçao, uma ilha distante mais de 800 quilômetros.
A Crise de Segurança que Impede o Futebol em Casa
A capital, Porto Príncipe, vive sob o jugo de gangues armadas que controlam uma vasta porção da região metropolitana, estimada em 90%. A situação é tão alarmante que o principal palco do futebol haitiano, o Stade Sylvio Cator, encontra-se abandonado e sob o domínio desses grupos desde fevereiro de 2024.
A gravidade do cenário é tamanha que o próprio técnico Sébastien Migné, que guiou o Haiti à glória, nunca pisou em solo haitiano desde sua nomeação há 18 meses. Sua gestão da equipe tem sido remota, dependendo de informações repassadas por dirigentes da federação local, evidenciando a complexidade da situação.
Futebol como Símbolo de União e Resiliência
Apesar de figurar entre os países menos desenvolvidos do mundo, o futebol se tornou um dos raros pontos de união para o povo haitiano. A classificação para a Copa do Mundo 2026 coincidiu com as celebrações do 222º aniversário da batalha de Vertières, data que selou a independência da França.
Nas cidades, a euforia tomou conta das ruas, com torcedores celebrando e acompanhando a partida decisiva pela televisão. O sucesso esportivo é visto por muitos como um poderoso símbolo de resiliência em meio a um contexto de adversidades extremas. O Haiti agora se junta a Panamá e Curaçao como representantes da Concacaf no próximo mundial.
