Oruam volta a falar sobre o peso de ser filho de Marcinho VP e critica associações constantes do nome do pai a tragédias no Rio
O rapper Oruam expressou publicamente o profundo cansaço e a dor que sente ao ter seu nome e sua trajetória constantemente ligados ao de seu pai, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, detido há mais de 20 anos em regime federal de segurança máxima. O artista criticou veementemente o estigma que o acompanha por ser filho de uma figura tão controversa, lamentando as associações automáticas com episódios de violência no Rio de Janeiro.
Em recente declaração, Oruam questionou a lógica por trás da inclusão de seu pai em narrativas de operações policiais, especialmente após a megaoperação que resultou em 121 mortos no Complexo do Alemão e da Penha. Para o rapper, é surreal e doloroso pensar que Marcinho VP, isolado em uma cela há décadas, possa ser considerado um elemento central em tais eventos.
“Meu pai tá há décadas trancado numa cela de 6m², isolado 22 horas por dia. Como pode ser colocado como peça-chave de uma operação tão brutal?”, desabafou o artista, evidenciando a incongruência e o sofrimento gerados por essas associações. A declaração foi feita em entrevista onde o rapper detalhou os impactos dessa ligação em sua vida pessoal e profissional, conforme divulgado pela coluna.
O peso do estigma e a dificuldade do sistema
Oruam ressaltou que o costume de ligar o nome de seu pai a qualquer tragédia no Rio de Janeiro é desgastante e prejudicial, descrevendo a situação como algo que “mata um pouco da gente também”. Ele explicou que, embora carregue o orgulho do próprio nome, também se vê obrigado a lidar com uma história que não é sua, resultando em confusão e julgamento por parte da sociedade. A dificuldade em dissociar a figura paterna de crimes passados é um fardo pesado.
Márcio VP tenta reconstruir a trajetória na prisão
O rapper também comentou sobre a retomada de um processo de homicídio antigo que motivou um novo pedido de prisão preventiva para seu pai, além da negativa de um habeas corpus. Segundo Oruam, o sistema judiciário demonstra dificuldade em aceitar que Márcio VP possa ter mudado ou em reconhecer seus esforços de reconstrução pessoal dentro do sistema prisional. Ele mencionou que seu pai mantém hábitos de estudo e leitura, buscando uma evolução.
Um pedido por humanidade e perdão
Ao final, Oruam fez um apelo emocionante para que seu pai seja visto não como um personagem ou um símbolo de violência, mas como um ser humano, Márcio, que tenta sobreviver às consequências de seu passado. Ele lamentou o impacto que essa constante associação negativa causa em toda a família, reforçando que o peso desse nome fere profundamente, não por vergonha, mas pela dor de saber o quanto ele ainda machuca.
