Presidente do Vila Nova critica julgamento de Bruno Henrique e dispara contra impunidade no futebol brasileiro
O dirigente que deu início à Operação Penalidade Máxima, Hugo Jorge, presidente do Vila Nova, expressou profunda insatisfação com a punição aplicada ao jogador Bruno Henrique, do Flamengo. Em entrevista exclusiva à ESPN, ele detonou o julgamento e fez um forte desabafo sobre o que considera uma discrepância de tratamento no futebol brasileiro.
Hugo Jorge, autor da denúncia que desvendou um esquema de manipulação de resultados, argumenta que a pena de Bruno Henrique foi branda em comparação a outros atletas, especialmente aqueles de divisões inferiores. Ele questiona a coerência e a sensibilidade dos auditores do STJD em suas decisões.
“Eu vi o julgamento todinho. Alegou-se ali, na matéria de defesa, no atipicidade de puní-lo da forma como deveria, mas num caso semelhante, havia também ali um atleta que foi Gabriel Domingos, que também não tinha a atipicidade, atipicidade nenhuma para puni lo, porque ele teria emprestado a conta”, iniciou o mandatário.
Comparação com Gabriel Domingos e punições desiguais
O presidente do Vila Nova ressaltou a semelhança entre o caso de Bruno Henrique e o de Gabriel Domingos, ex-jogador do próprio Vila Nova. Domingos foi punido com 720 dias de suspensão e multa de R$ 80 mil por ter emprestado sua conta, mesmo sem provas concretas de sua participação direta em manipulações.
“Não foi encontrado prova nenhuma nesse sentido. Ele foi punido por 720 dias por emprestar a conta. Então, dentro desse contexto, por que não puní-lo (o Bruno Henrique)? E ainda não é possível a punição dele pela própria CBF através do quadro de ética da CBF. Então, ainda há a possibilidade de punir”, argumentou Hugo Jorge.
Ele criticou o fato de Bruno Henrique ter recebido uma multa de R$ 100 mil, considerando que a pena foi muito mais branda do que a aplicada a outros atletas de divisões inferiores. “A punição ficou muito mais branda do que outros atletas de outras divisões. É difícil a gente falar porque. Vamos lá. Tem que fazer uma análise mais profunda do porquê disso aí. Tem que se questionar os auditores do STJD do porquê, do porquê”, disse.
Questionamentos sobre o STJD e o conceito de impunidade
Hugo Jorge também questionou a própria composição do STJD, levantando dúvidas sobre o conhecimento jurídico e a capacidade de julgamento de seus membros. Ele defende que o julgamento de matérias esportivas exige propriedade, coerência, senso de justiça e coragem para ser imparcial.
“É difícil a gente ficar falando porque posso ser punido até de forma mais severa que ele. A própria composição do STJD tem que ser revista. Olha ali as pessoas, o conhecimento do direito desportivo, a sensibilidade, a capacidade de julgar. Como deve ser julgado um esporte tão sensível como esse? Julgar uma matéria desportiva, requer uma propriedade muito grande, requer coerência, requer senso de justiça, requer coragem, coragem de ser imparcial”, desabafou.
O dirigente lamentou o que considera um reflexo da impunidade no país. “Você compara com outros atletas, Por que as pessoas não pegam e façam uma análise? Aí vem a narrativa: ‘Ah, eu vi que é atípica, não merecia ser punido’. E o tanto de gente que vemos aí? O Gabriel Domingos, que também não tinha tipicidade e foi punido com 720 dias. Então as pessoas precisam entender. E aí é um reflexo não só da justiça desportiva, mas um reflexo do país. Nós vivemos num país da impunidade”, afirmou.
O caráter pedagógico das punições e o banimento como solução
Hugo Jorge acredita que a multa de R$ 100 mil paga por Bruno Henrique não tem o caráter pedagógico necessário para inibir futuros atos criminosos. Ele argumenta que, em comparação com lucros potenciais de apostas, o valor é irrisório.
“Você tem que encarecer ele… você pega um caso igual ao Bruno Henrique, vaza um informação sensível para a família ganhar dinheiro em banca de aposta. Custou R$ 100 mil. É muito lero lero a imagem. Que imagem, rapaz! Teve um desvio ali, mas custou R$ 100 mil”, disse, indignado.
Para o presidente do Vila Nova, atletas envolvidos direta ou indiretamente com apostas esportivas deveriam ser **banidos definitivamente do futebol**. Ele argumenta que essa medida seria o único caminho para demonstrar que o crime não compensa e para proteger a pureza e imprevisibilidade do esporte.
“Eu penso que que eles deveriam ter sido banidos de forma definitiva. Todo mundo que envolve com isso aí tem que ser banido de forma definitiva, porque ele está indo no sentido do que tem de mais puro no esporte, que é a imprevisibilidade do resultado”, concluiu.
