Libertado após três décadas: A saga de um homem inocentado de tentativa de homicídio por briga de bar
Um caso que se arrastou por 32 longos anos chegou ao fim na Justiça baiana. Um homem, acusado de tentativa de homicídio após uma briga em um bar em 1993, na cidade de Uauá, no norte do estado, foi finalmente absolvido pelo Tribunal do Júri.
A paralisação do processo por décadas se deu pela **ausência de um defensor público** no município à época dos fatos. Sem a representação legal necessária, a ação judicial permaneceu estagnada, impedindo que a verdade viesse à tona e que o acusado pudesse ter seu caso julgado.
A Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA) só conseguiu dar andamento ao processo durante um mutirão nacional iniciado em novembro passado, destravando uma situação que parecia sem solução. A história, conforme divulgado pela DPE-BA, é um retrato da importância da presença institucional do órgão em todas as comarcas, evitando que cidadãos enfrentem longas esperas por justiça.
O incidente que gerou a acusação e a reviravolta no caso
O homem, juntamente com seu irmão, respondia pela acusação de tentativa de homicídio. Segundo o relato, ambos teriam utilizado um pedaço de madeira para agredir um conhecido durante uma discussão em um bar da cidade. A briga, ocorrida em 1993, gerou a denúncia que pesou sobre os acusados por mais de três décadas.
Contudo, o irmão do acusado faleceu em 1997, antes mesmo de ser julgado, e o caso seguiu sem resolução para o réu que agora foi absolvido. A demora na condução do processo é um dos pontos centrais desta história, evidenciando as dificuldades enfrentadas pelo sistema judiciário em comarcas com menos estrutura.
Laudo médico e depoimento da vítima apontam para lesões leves e falta de intenção
Um detalhe crucial que emergiu durante o processo foi o laudo médico da época. Segundo a DPE-BA, o documento classificou as lesões sofridas pela vítima como **leves**, sem sequelas permanentes. A situação se normalizou rapidamente, com todos os envolvidos retomando a convivência uma semana após o incidente.
Mais significativo ainda foi o depoimento da própria vítima em juízo. Ela afirmou categoricamente que **nunca acreditou que os irmãos tivessem a intenção de matá-la**. A vítima reforçou que o episódio se tratou de uma discussão que tomou proporções exageradas, mas sem qualquer indício de tentativa de homicídio qualificada.
A importância do mutirão e a absolvição após 32 anos
Apesar das evidências apresentadas pela vítima e do laudo médico, o processo tramitou por mais de trinta anos. Somente com a inclusão do caso no mutirão nacional da Defensoria Pública é que ele pôde ser levado ao Júri Popular.
O Tribunal do Júri, ao analisar todas as provas e depoimentos, decidiu pela **absolvição do réu**. A decisão finaliza um capítulo longo e angustiante na vida do homem, que enfrentou uma acusação grave por um período desproporcionalmente longo.
Um exemplo da necessidade de acesso à justiça
A Defensoria Pública destacou que este caso serve como um **exemplo claro da importância da presença institucional do órgão em todas as comarcas**. A falta de defensores públicos pode levar a situações como esta, onde cidadãos aguardam décadas por um julgamento, muitas vezes em casos onde a intenção criminosa grave sequer existiu.
A liberação do homem após 32 anos de espera por um desfecho judicial ressalta a necessidade de otimizar o acesso à justiça e garantir que todos os cidadãos tenham seus direitos assegurados de forma célere e eficaz, independentemente de sua condição financeira ou da localidade onde residem.
