Ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, é sentenciado a 11 anos de reclusão por tentativa de golpe em 2022, decisão encerra julgamento tenso
A Justiça peruana proferiu, nesta quinta-feira (27), a sentença contra o ex-presidente Pedro Castillo, condenando-o a 11 anos de prisão. A condenação se dá pela tentativa de golpe de Estado ocorrida em dezembro de 2022, quando Castillo tentou dissolver o Congresso e assumir poderes excepcionais.
O ex-líder peruano, que se encontra detido desde a data do ocorrido, sempre negou as acusações, alegando ser vítima de perseguição política. A decisão judicial põe fim a um longo processo que gerou instabilidade no país andino e resultou em confrontos que deixaram cerca de 50 mortos.
A promotoria havia solicitado uma pena de 34 anos, acusando Castillo de rebelião e grave perturbação da ordem pública. Embora condenado por tentativa de golpe, o ex-presidente foi absolvido de outras acusações, conforme informado pela Corte. A crise política envolvendo Pedro Castillo reflete um histórico de escândalos envolvendo ex-presidentes peruanos, como Alejandro Toledo, Ollanta Humala e Martín Vizcarra, que também enfrentaram ou enfrentam processos judiciais por corrupção.
Trajetória de Pedro Castillo: Do campo à presidência e à prisão
Aos 56 anos, Pedro Castillo trilhou um caminho singular até a presidência do Peru. Sua carreira iniciou como professor rural e dirigente sindical, ganhando notoriedade nacional em 2017 ao liderar uma greve de docentes. Em 2021, ele venceu as eleições presidenciais com um discurso de ruptura e crítica à elite política tradicional.
Seu governo, contudo, foi marcado por um conflito constante com o Congresso, além de denúncias de corrupção e múltiplas tentativas de destituição. Em pautas sociais, Castillo manteve posições conservadoras em temas como aborto, educação sexual e direitos LGBTQIA+.
A crise de 2022 e a deposição de Castillo
No dia 7 de dezembro de 2022, Pedro Castillo anunciou em rede nacional a dissolução do Congresso e a instauração de um estado de exceção, uma medida considerada inconstitucional. Essa ação desencadeou uma onda de protestos em todo o país, resultando em confrontos violentos e cerca de 50 mortes.
Após sua deposição, a vice-presidente Dina Boluarte assumiu a presidência, permanecendo no cargo até outubro deste ano, quando também foi afastada por “incapacidade moral”. A instabilidade política no Peru tem sido uma constante nos últimos anos, com diversos ex-presidentes envolvidos em processos legais.
O legado de Castillo e o cenário político peruano
Nascido na região andina de Cajamarca, Pedro Castillo sempre manteve fortes laços com sua comunidade de origem, chegando a votar a cavalo em sua cidade natal. Sua trajetória representa um contraste com a classe política tradicional peruana, mas seu mandato foi interrompido por uma crise institucional sem precedentes.
A condenação de Pedro Castillo a 11 anos de prisão por tentativa de golpe adiciona mais um capítulo à complexa história política do Peru, marcada por investigações de corrupção e disputas de poder. O caso do ex-presidente levanta discussões sobre a estabilidade democrática e os desafios enfrentados por líderes com discursos anti-establishment.
