Copa de 2026: Expansão para 48 seleções gera polêmica entre negócios e tradição no futebol
A Copa do Mundo de 2026, sediada em Estados Unidos, México e Canadá, promete ser um marco com a expansão inédita para 48 seleções. Essa ampliação, que eleva o número de partidas de 64 para 104 e estende o torneio por 38 dias, atende a uma visão antiga da FIFA de aumentar sua influência e receita. Estima-se que a arrecadação possa saltar de 40 bilhões de dólares no Catar para cerca de 60 bilhões de dólares.
A decisão, defendida pelo presidente da FIFA, Gianni Infantino, como a “Copa mais inclusiva de todos os tempos”, abre portas para nações com pouca ou nenhuma tradição no futebol. Contudo, essa abertura gera um debate sobre a qualidade das partidas e o desequilíbrio competitivo, com gigantes como a Itália ainda lutando por vagas, enquanto países como Cabo Verde e Curaçao já garantiram sua participação.
Conforme informação divulgada pela VEJA, a expansão do torneio, que ocorreu entre 11 de junho e 19 de julho, cumpre um objetivo financeiro e político da entidade máxima do futebol. A ideia é maximizar os lucros através de mais jogos, propaganda e direitos de transmissão, fortalecendo a influência da FIFA no cenário global.
O Dilema da Inclusão: Negócios vs. Tradição
A ampliação para 48 seleções, embora vista como um avanço democrático por alguns, levanta preocupações sobre a qualidade técnica da competição. Países com populações pequenas e baixo ranking na FIFA, como Cabo Verde e Curaçao, terão a chance de disputar o torneio, enquanto seleções com história consolidada, como a Itália, ainda correm o risco de ficar de fora. Isso pode resultar em uma fase de grupos com confrontos menos empolgantes, em comparação com as repescagens de torneios anteriores.
O treinador italiano Carlo Gattuso expressou seu descontentamento, apontando o desequilíbrio entre as vagas distribuídas para diferentes confederações. “Temos que repensar as coisas”, teria dito Gattuso, criticando o fato de apenas 30% das equipes europeias avançarem, enquanto na América do Sul, uma porcentagem maior tem essa possibilidade. O goleiro argentino Dibu Martínez, por outro lado, ressaltou as diferenças nas condições de jogo entre Europa e América do Sul.
Celebração e Emoção: O Lado Humano da Copa
Apesar das críticas técnicas, a alegria e a comoção tomam conta das nações que conseguiram a classificação. Em Curaçao, a festa tomou as ruas de Willemstad após a vaga na Copa do Mundo, e em Cabo Verde, a euforia no estádio nacional de Praia exigiu controle para evitar invasões de campo. A VEJA relatou que personalidades cabo-verdianas usaram as redes sociais com o slogan “Ka Nu Invadi Campo” para conter a empolgação.
Essas demonstrações de paixão pelo futebol, mesmo em países com pouca tradição, ressaltam o poder unificador e emocional do esporte. A história do técnico brasileiro Sylvinho, que comanda a Albânia e se tornou um ídolo improvável em seu país de adoção, é um exemplo de como a “alma e o coração” podem levar seleções a feitos históricos, mesmo diante de desafios.
Desafios Logísticos e Políticos
A realização da Copa em três países distintos também apresenta desafios logísticos e políticos. O caso do Haiti, que pode ter dificuldades para seus torcedores entrarem nos Estados Unidos devido a restrições de imigração, exemplifica essas complexidades. Jogadores de seleções como o Haiti e o Irã receberão isenções migratórias especiais para participar do evento.
A expansão da Copa do Mundo de 2026, portanto, representa um equilíbrio delicado entre o crescimento financeiro e a manutenção da qualidade e da competitividade do esporte. A promessa de mais inclusão traz consigo a expectativa de novas histórias de superação, mas também o receio de um espetáculo esportivo diluído.
