Flamengo e Palmeiras Lideram, Mas a Competição Sente o Peso da Hegemonia
A paisagem do futebol brasileiro tem sido marcada pela **irrefreável predominância de Flamengo e Palmeiras**. Enquanto torcedores dessas equipes celebram conquistas, a maioria dos demais se vê frustrada com a concentração de poder e glórias. A final da Libertadores de 2025 entre os dois gigantes, em Lima, é um símbolo claro desse domínio.
Desde 2019, ambos os clubes ostentam um currículo impressionante, com duas taças da Libertadores e dois títulos do Brasileirão cada. Essa sequência vitoriosa, que se aproxima de um inédito tetracampeonato continental para um deles, não apenas desperta admiração, mas também **inveja e questionamentos** sobre a saúde da competição.
Um levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado com exclusividade pelo programa Bola Quadrada, de VEJA, aponta o Flamengo como o time mais odiado do Brasil, com o Palmeiras em terceiro lugar. Esse sentimento, em grande parte, é atribuído à **frustração pelo sucesso alheio**, impulsionado pela força financeira e organização dos clubes.
A “Espanholização” do Futebol Brasileiro: Uma Questão Econômica
A ascensão de Flamengo e Palmeiras a um patamar de domínio semelhante ao que se via com Real Madrid e Barcelona na Espanha tem raízes profundas. A máxima “É a economia, estúpido”, popularizada na política, se aplica perfeitamente ao contexto esportivo brasileiro.
Os clubes carioca e paulista souberam **organizar suas finanças de maneira exemplar**, abrindo uma dianteira considerável em meio à instabilidade de muitos rivais. Em 2024, o Flamengo registrou uma receita de R$ 1,33 bilhão, enquanto o Palmeiras alcançou R$ 1,27 bilhão, demonstrando um poderio financeiro que se traduz em contratações de alto nível e um ciclo virtuoso.
A venda de jogadores é outro pilar fundamental para a sustentabilidade e renovação dessas equipes. Ambos os clubes se destacam na **formação e negociação de talentos**, garantindo um fluxo contínuo de recursos e a manutenção de elencos competitivos. Vale lembrar que o Flamengo, mesmo após a tragédia no Ninho do Urubu em 2019, conseguiu se reerguer e manter sua força.
Modelos de Gestão que Ditamo o Ritmo
A diferença na gestão financeira é gritante. O Flamengo optou por um modelo de parceria com um grupo de empresas, enquanto o Palmeiras apostou em investidores únicos, como Paulo Nobre e a Crefisa, de Leila Pereira. Ambos os caminhos se mostraram mais eficazes que as SAFs (sociedades anônimas de futebol) em muitos casos, cujas finanças dependem diretamente da saúde de seus investidores, como evidenciado pelo momento do Botafogo.
Amir Somoggi, diretor da SportsValue, destaca que a **boa gestão mudou a história de Flamengo e Palmeiras**. Ele sugere que outros clubes deveriam se inspirar nesses modelos para sair de suas dificuldades financeiras e administrativas, buscando um caminho de **organização e planejamento cuidadoso**.
O Fair Play Financeiro como Solução e Desafio
Para frear a concentração de poder e promover um futebol mais equilibrado, o **”fair play financeiro”** surge como uma ferramenta crucial. A CBF anunciou um plano de regras para evitar gastos excessivos, com foco no equilíbrio entre receitas e despesas e limites para salários de elencos.
A boa notícia é que, quando implementado com sucesso, o fair play financeiro pode trazer um **bom balanço para o esporte**. No entanto, a má notícia é que, em um cenário inicial, as regras tendem a favorecer justamente quem já cumpre as normas, como Flamengo e Palmeiras. Nove clubes da Série A estariam atualmente em desacordo com as novas diretrizes.
Há um **longo caminho a percorrer** para que o futebol brasileiro atinja um nível de competitividade mais equitativo. Enquanto isso não acontece, a torcida se divide entre a celebração dos vitoriosos e a esperança de que um dia a disputa pelo topo seja mais acirrada e imprevisível para todos.
