Operação Midas desmantela quadrilha interestadual de roubo de joias que tinham como vitrine um programa de TV em São Paulo.
Uma organização criminosa especializada em roubos de joias, que utilizava dados vazados na internet e equipamentos clandestinos para invadir residências, foi desarticulada pela Operação Midas. As peças roubadas eram posteriormente vendidas ao vivo em um programa de televisão, chocando as vítimas e a polícia.
A investigação aponta que o grupo agia com planejamento minucioso, selecionando vítimas com base em informações obtidas online e utilizando tecnologia avançada para burlar sistemas de segurança. A descoberta das vendas das joias roubadas em um programa de TV, intitulado “Mil e Uma Noites”, evidenciou a audácia e a extensão da atuação criminosa.
Conforme informação divulgada pela polícia, quatro suspeitos foram presos em diferentes cidades de São Paulo, enquanto um quinto indivíduo permanece foragido. As autoridades investigam crimes como roubo qualificado, receptação qualificada e associação criminosa, com potencial para condenações severas. As defesas dos presos negam envolvimento e contestam as evidências apresentadas.
Esquema Criminoso com Divisão de Tarefas e Tecnologia Clandestina
O esquema criminoso, que atuava em diversos estados brasileiros, contava com uma estrutura organizada e divisão de tarefas entre os membros. A seleção das vítimas era feita de forma estratégica, utilizando dados vazados que circulavam na internet, muitos deles obtidos em plataformas pagas. Essas informações permitiam identificar indivíduos com maior poder aquisitivo, tornando-os alvos preferenciais.
Um dos métodos inovadores e ilegais empregados pela quadrilha era o uso de dispositivos capazes de clonar o sinal de controles de portões eletrônicos à distância. Essa tecnologia permitia a entrada nas residências sem deixar sinais de arrombamento, dificultando a identificação dos criminosos e a investigação policial. A aquisição e o uso desses equipamentos, cuja venda é proibida no Brasil, são pontos cruciais na apuração do caso.
Vítimas Descobrem Roubo ao Verem Joias em Programa de TV
A audácia do grupo chegou ao ponto de uma família em Ribeirão Preto (SP) descobrir que suas joias roubadas em maio estavam sendo anunciadas e vendidas em um programa de TV. A vítima reconheceu as peças enquanto elas eram apresentadas ao vivo, gerando revolta e desespero. Em um dos casos mais emblemáticos, um casal de idosos teve mais de 300 joias subtraídas, incluindo um valioso colar de ouro e diamantes.
O programa “Mil e Uma Noites” tornou-se, involuntariamente, o palco para a revenda de bens furtados. A reportagem inicial sobre o caso foi veiculada pelo Fantástico em setembro, expondo a gravidade da situação e a necessidade de uma ação policial enérgica para coibir tais crimes. A investigação busca recuperar o máximo possível das joias subtraídas e garantir a punição dos responsáveis.
Identidades dos Suspeitos Presos e Defesas
A Operação Midas resultou na prisão de quatro suspeitos. Em Ribeirão Preto, foi detida Thayna Yasmin Silva Porto, identificada como técnica de enfermagem. Na capital paulista, Leonardo e Gustavo de La Rossa, que seriam irmãos, foram presos. João Alves Augusto Correia Junior foi capturado no Guarujá (SP). Todos os presos deverão permanecer detidos por pelo menos 30 dias, enquanto as investigações prosseguem.
As defesas dos acusados têm negado veementemente a participação de seus clientes nos crimes. O advogado de João Correia Junior argumentou que a única evidência contra ele é sua presença na cidade no dia do roubo. Já a defesa de Thayna Yasmin Silva Porto alegou que a denúncia partiu de alguém que teria interesse em um relacionamento com ela. Os advogados dos irmãos La Rossa não emitiram comentários sobre o caso até o momento.
Penalidades e Continuidade da Investigação
Os investigados na Operação Midas podem responder por crimes graves, incluindo roubo qualificado, receptação qualificada e associação criminosa. A combinação desses delitos pode acarretar penas de prisão significativas, dependendo das evidências apresentadas e do julgamento judicial. A polícia continua os esforços para capturar o quinto suspeito foragido e recuperar as joias restantes.
A investigação busca entender toda a cadeia de suprimentos do crime, desde a obtenção dos dados vazados e equipamentos clandestinos até a revenda das joias. O objetivo é desarticular completamente a organização e evitar que novas vítimas sejam feitas. A colaboração com programas de televisão e plataformas de venda também pode ser investigada para evitar que se tornem involuntários facilitadores de crimes.
