Xinjiang: A Polêmica Região Turística da China Que Encanta Visitantes e Desafia Críticas Internacionais

Xinjiang: O Paraíso Turístico Chinês Que Esconde Controvérsias

A região de Xinjiang, no noroeste da China, antes conhecida por sua instabilidade e pelas severas acusações de repressão à minoria uigur, transformou-se em um dos destinos turísticos mais cobiçados do país. Em 2024, a região atraiu impressionantes 300 milhões de visitantes, um número que reflete o ambicioso plano do governo chinês de reposicionar Xinjiang no cenário global. Pequim tem investido pesadamente em infraestrutura e marketing, utilizando séries de TV, influenciadores digitais e roteiros cuidadosamente elaborados para destacar a beleza natural e as experiências culturais da área.

Essa nova estratégia visa reverter a imagem negativa associada a Xinjiang, que tem sido palco de denúncias internacionais sobre campos de detenção, violações de direitos humanos e a supressão cultural dos uigures. Apesar das controvérsias e da vigilância intensa, turistas descrevem a região como um refúgio de segurança e beleza natural estonteante, comparável à Nova Zelândia, Suíça e Mongólia. No entanto, críticos apontam que o florescente turismo serve como uma cortina de fumaça para mascarar as graves violações de direitos humanos que continuam a ocorrer.

A meta do governo chinês é ambiciosa, projetando atrair mais de 400 milhões de turistas anualmente e gerar uma receita de 1 trilhão de yuans até 2030. Essa expansão turística, conforme divulgado pelo g1, já mostra resultados significativos, com a receita do turismo em Xinjiang crescendo cerca de 40% entre 2018 e 2024, atingindo 360 bilhões de yuans. A estratégia de marketing inclui a promoção de paisagens como as montanhas desenhadas, cânions impressionantes e lagos cristalinos, além de experiências “étnicas” que, segundo grupos de direitos humanos, buscam apagar a identidade uigur.

A Beleza Natural Que Conquista Turistas

Xinjiang, uma vasta região que faz fronteira com oito países, incluindo Rússia, Mongólia e Afeganistão, ostenta paisagens que superam as expectativas. Sua localização estratégica na antiga Rota da Seda confere às suas cidades um rico legado histórico. Turistas como Sun Shengyao, de Singapura, descrevem a região como uma fusão única de cenários, comparando-a a uma combinação de Nova Zelândia, Suíça e Mongólia. A diversidade geográfica vai de montanhas remotas a cânions majestosos e lagos de águas cristalinas.

A Estratégia Chinesa de Reposicionamento

Sob a liderança de Xi Jinping, o controle de Pequim sobre Xinjiang foi intensificado, gerando acusações de assimilação forçada e “sinização da religião”. O governo chinês tem investido bilhões em infraestrutura e promovido ativamente a região através de séries de TV e visitas guiadas para a mídia estrangeira. Essa campanha visa apresentar uma nova face de Xinjiang, focando em sua beleza natural e em experiências culturais “autênticas”.

Contraste Entre Encanto Turístico e Críticas de Direitos Humanos

Enquanto muitos turistas relatam sentir-se seguros e encantados com a natureza exuberante, outros expressam decepção com a falta de acesso a aspectos culturais mais profundos. Thenmoli Silvadorie, de Singapura, relata que, apesar de poder usar o hijab, as conversas com vendedores uigures eram superficiais e o acesso a mesquitas era restrito. Essa experiência contrasta com a narrativa promovida pelo governo chinês, que frequentemente destaca a presença de mesquitas e a riqueza da cultura local em seus materiais de divulgação.

Organizações como a Human Rights Watch e a ONU documentaram graves violações de direitos humanos em Xinjiang, incluindo a destruição de vilarejos com nomes de conotação religiosa ou cultural uigur e o fechamento de mesquitas. Relatos de campos de detenção, abuso sexual e esterilização forçada também emergem de fontes internacionais. A China nega veementemente todas essas acusações, insistindo que suas políticas visam o desenvolvimento e a estabilidade da região.

O Papel dos Influenciadores e a Visão dos Ativistas

O governo chinês tem utilizado influenciadores estrangeiros para promover Xinjiang, alinhando-se à narrativa oficial. Vlogger como o alemão Ken Abroad destacam a abundância de mesquitas na região. Contudo, ativistas uigures, como Irade Kashgary, que deixou a região em 1998, alertam que o Partido Comunista está vendendo uma versão idealizada da cultura uigur, apresentando o povo uigur como meras atrações turísticas. Kashgary enfatiza que, para muitos ativistas como ela, retornar à sua terra natal é impossível devido ao seu ativismo, questionando a segurança e a autenticidade da experiência turística oferecida.

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